Sr. Beneval Alves Santana e esposa
Homenagem a um pioneiro
(Texto de Rogério Santhana)
(Texto de Rogério Santhana)
Eram tempos difíceis aqueles. Ele via as manchetes do jornal que trazia as notícias da guerra e se equilibrava no estribo do bonde. As bombas explodiam na Europa e o bonde descia pelos trilhos da Rua Pouso Alegre até o Horto. Ele tinha uns 15 anos de idade e voltava para casa depois de ter feito todo o seu serviço nos bancos, cartórios e outras repartições.
Desde que ele viera de Piedade dos Gerais, então no município de Bonfim, onde deixara sua mãe viúva e seus irmãos menores, para trabalhar numa transportadora na capital, ele percorria a pé o caminho do ponto final do bonde, do Horto até a Rua 7 de abril, na Vila Esplanada, imaginando como seria o seu futuro e o de sua família, que depois do falecimento de seu pai, passara a ser responsabilidade sua.
Ele se chama Beneval e seu nome de batismo significa: “aquele que deseja o bem a todos”.
Corria o ano de 1939, quando o menino Beneval, então com 14 anos, chegou para morar neste bairro, que naquela época se chamava Vila Esplanada, e tinha apenas um quarteirão de calçamento na Rua Felipe Camarão, entre o “arrudas” e a Rua Carapuça; o resto eram ruas de terra.
Os anos foram passando e Beneval trabalhando muito e economizando, para trazer sua família para junto dele. A guerra já havia acabado, mas a luta do jovem Beneval estava ainda no começo.
Em 1948, Beneval tirou sua “carteira de chauffeur”, era assim que se chamava a “carteira de motorista” naquele tempo.
Ele continuava trabalhando muito e economizando, mas “agora”, para comprar o seu próprio caminhão, pois ele já conseguira trazer sua mãe e seus irmãos para morar com ele na Rua Begônia. E, em 1952, conseguiu comprar o seu caminhão, um Chevrolet ’47. Beneval não seria mais empregado de ninguém, trabalharia “por conta própria”, e passaria a viajar com seu caminhão pelas estradas de terra daquela época para “ganhar a vida”.
Aos 36 anos, em 08 de julho 1961, Beneval se casou com Maria Madalena, e juntos iriam construir a sua própria família. Mudaram-se para a Rua Boninas e a casa modesta, mas acolhedora, começou a se encher de mais e mais vida, vieram dez filhos (sete homens e três mulheres, uma falecida).
Seus filhos casaram-se todos. “Seu” Beneval e Dona Maria Madalena começaram a ver nascerem e crescerem os filhos de seus filhos: dez netos (oito mulheres e dois homens) e mais uma neta que virá em setembro. A casa de Beneval e Maria Madalena continua, mais e mais, cheia de vida.
Em 1993, Beneval e outros moradores do bairro assumiram a tarefa de reativar o CCE – Centro Comunitário Esplanada (hoje, ACBE). Ele presidiu a diretoria provisória que levantou, regularizou e saneou todos os problemas do CCE (registro, CNPJ, situação fiscal, contábil, dívidas, etc.). Cumprida a tarefa, Beneval foi reconduzido à presidência do CCE por mais três vezes, até 1999.
Beneval Alves de Santana nasceu no dia 28 de janeiro de 1925, e há 71 anos mora no Bairro Esplanada. Ele e D. Maria Madalena celebram seu 49º aniversário de casamento neste mês.
Nestes 85 anos de vida, 71 deles vividos no nosso bairro, Beneval vem cumprindo dignamente a missão que Deus lhe deu e honrado, sempre, o significado de seu nome de batismo.
A bênção, “Seu” Beneval.